
Sinto-me muito honrado pelo convite do Funchal Jazz para protagonizar o concerto de abertura do Festival de 2018.
O projeto que, com imenso prazer, irei apresentar consiste num tributo ao proeminente compositor e pianista de Jazz Thelonious Monk (1917-1982), autêntica eminência parda do bebop, cujas composições sempre me fascinaram pela sua profunda beleza, uma beleza original, complexa, acidentada e assimétrica, ora em tom meditativo, ora em modo interrogativo, ora de maneira agressivamente lancinante, sempre desconcertante e imprevisível, e, por vezes, inopinadamente alegre, de uma alegria pura e dura. Música de qualidade intemporal, que resiste ao desafio do tempo. Fiquei igualmente seduzido pelo carácter lacónico, irregular e cirurgicamente dissonante do fraseado pianístico de Monk, que consegue atingir a própria essência da música com uma única nota.
Este projeto teve a sua estreia em 2006, no saudoso “Chega de Saudade”, em formato quinteto, com João e Pedro Moreira, Ricardo Dias e João Sousa, e desde então tem sido ciclicamente apresentado em diversos espaços no Funchal.
No concerto de 7 de julho, terei o privilégio de ter ao meu lado um quarteto de madeirenses: os ilustres músicos Alexandre Andrade (trompete), Ricardo Dias (contrabaixo) e Jorge Maggiore (bateria), meus companheiros de há muito tempo nestas andanças monkianas e noutras, e um convidado especial, o excelente saxofonista Francisco Andrade. Com todos eles sinto uma estimulante afinidade musical e estética, e partilho a intensa emoção que a música de Thelonious Monk nos suscita.
Espero que o nosso entusiasmo encontre equivalência na adesão do público.
Jorge Borges
junho de 2018